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Saturday, September 02, 2006

Carta de Fernanda Young

Bom, hj ñ vou escrever nada escrito por mim mesma, vou apenas colocar algo que eu li... Na revista Cláudia, há uma coluna da Fernanda Young, na qual ela escreve cartas... sempre mto boas... mas essa, em especial, me fez tomar uma decisão mto importante, e ela merece ser lida por + pessoas...

Carta de Fernanda Young

P/o amor perdido:

Fiquei triste. Num momento vc estava aqui, no outro já ñ estava. Igual a um bicho de estimação que morre de repente e somem c/o corpo.
P/ onde foi td aquilo? Que tínhamos tão seguro. Tão certos de sua eternidade. P/ onde foi hein? Meu peito, depósito subitamente esvaziado, aperta-se no meio de tanto espaço.
Tento identificar o instante, qnd o que tínhamos se perdeu. Mas nem sei se o perdemos juntos ou se juntos já ñ estávamos. Me desespera saber que um amor, um dia desses tão grande, possa ter desaparecido c/tanta facilidade.
Como já disse, estou triste; e isso me faz acreditar no poder das cartas. Ñ falo de tarô, mas destas, escritas e mandadas ou ñ mandadas. Cheias de questões e metáforas, que assim, misturadas cuidadosamente, num cafona português polido, soam + sensatas.
Qual poder espero desta carta? Simples: que deixe registrado este meu estranho momento. Qnd o que devia ser alívio revela-se angústia. E a cabeça ñ pára, vasculhando cantos vazios.
Ñ gosto de perder as minhas coisa, vc sabe. E hj, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Ezperimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo?
Aposto que vc está pouco se lixando p/td isso. Que seguiu sua vida tranqüilamente, como se nada, de tão importante tivesse ocorrido. E está até achando graça desta minha carta, julgando-a patética e ridícula. Vc, redundante como sempre.
Só há uma coisa certa a respeito disso: ñ desejo resposta sua. É, esta é uma daquelas cartas que ñ são p/ser respondidas. Apenas lidas, relidas, depois picadas em pedacinhos. Sendo esse o destino + nobre p/as emoções abandonadas.
Queria apenas pedir um favor antes que vc rasgue este resto do que tivemos. Se algum dia, tendo bebido demais, sei lá, vc acabar pensando tolices parecidas c/ estas, escreva tb uma carta. Mesmo s/jamais saber o que vc irá dizer, sei que ela fará de mim menos ridícula. Neste amor e, por isso, em todo o resto. Pois adoraria que vc fosse capaz de tanto - escrever uma carta é um ato de desmedida coragem. E eu ficaria, enfim, feliz comigo, por tê-lo amado. Um homem assim, capaz de escrever bobagens amorosas.
Então é isso - como sou insuportavelmente romântica, meu Deus. Termino aqui essa história, de minha parte, contando que estas palavras façam jus ao fim do amor que senti. E deixando este testamento de dor, onde me reconheço fraca e irremediável. Pq ainda gostaria de poder acreditar que vc nadaria de volta pra mim.